Por: Claudecir Bianco
Teólogo e Missionário
Fevereiro/2019
O substantivo elpis significa esperança, e o verbo elpizein significa esperar. Estas palavras não são de interesse linguístico especial. Seu grande interesse acha-se no fato de que, se examinarmos e analisarmos o seu uso no NT podemos descobrir o conteúdo e a base da esperança cristã.
Elpis, esperança, é uma das três grandes colunas da fé cristã. É na esperança, juntamente com a fé e o amor, que a totalidade da fé cristã está fundamentada (1 Co 13.13).
A esperança é caracteristicamente a virtude cristã e é algo que é impossível ao não-cristão (Ef.2.12).
Somente o cristão pode ser otimista no que diz respeito ao mundo.
Somente o cristão tem a esperança de enfrentar a vida.
E somente o cristão pode considerar a morte com serenidade e tranquilidade.
NO QUE CONSISTE ESTA ESPERANÇA CRISTÃ?
– É a esperança da ressurreição dentre os mortos (At 23.6; 26.6; 1 Ts 4.13; 1 Pe 1.3; 1 Jo 3.3; 1 Co 15.19).
– O cristão é aquele que caminha, não para a morte, mas para a vida. Para ele, a morte não é o abismo do nada ou do aniquilamento. É ― o portão no horizonte.
– É a esperança da glória de Deus (Rm 5.2). É a esperança de que já não veremos a glória de Deus na nuvem ou no espelho, obscuramente. É a certeza de que o dia virá em que veremos a glória de Deus e em que seremos com ela revestidos.
– É a esperança de uma nova dispensação (2 Co 3.12). Enquanto os homens se consideravam governados pela lei, não havia lugar para nada senão o desespero, porque ninguém pode obedecer e satisfazer a lei perfeita de Deus. Quando, porém, percebemos que a tônica da religião não é a lei, mas o amor, nasce uma nova esperança.
– É a esperança da justiça (Gl 5.5). Em Paulo, justiça ou justificação significa um relacionamento certo com Deus. Quando o homem considera que a religião é lei, coloca-se em falta diante de Deus, e, portanto, sempre haverá o terror de Deus. Mas a mensagem de Jesus Cristo capacita o homem a entrar num novo relacionamento com Deus onde o terror não existe, havendo lugar somente para a confiança tal qual de uma criança.
– É a esperança da salvação. Esta esperança tem dois aspectos. Primeiro: é a confiança da segurança neste mundo (2 Co 1.10), não no sentido da proteção da calamidade e do perigo, mas no sentido de estar independente destes. Segundo: é a confiança de segurança no mundo do porvir. É a esperança de segurança em meio aos perigos da terra, e o salvamento do julgamento de Deus.
– É a esperança da vida eterna (Tt 1.2; 3.7). No NT a palavra eterna sempre ressalta não a duração, mas a qualidade da vida. Eterno é a palavra que descreve qualquer coisa que é própria de Deus. A vida eterna é o tipo de vida que Deus vive. A esperança do cristão é que um dia compartilhará da própria vida de Deus – (vida em abundância).
– É a esperança da segunda vinda triunfante de Cristo (Tt 2.13; 1 Pe 1.13; 1 Jo 3.3). A segunda vinda não é uma doutrina, mas certamente conserva está grande verdade – que a história está avançando para um destino, que a história não é um fio fora da meada, nem uma coletânea qualquer de eventos isolados e sem sentido. Há uma consumação. O cristão é um homem que considera que ele mesmo e a totalidade da vida estão a caminho de um alvo.
– É uma esperança que está preservada nos céus (Cl 1.5). Quer dizer que se antegoza algo que já está preparado para o cristão, e aquilo não está à mercê do acaso e das mudanças do tempo. Está sob os cuidados de Deus e, portanto, é algo que será a conclusão do desígnio de Deus e o cumprimento de todas as esperanças e sonhos da alma do homem.
ONDE ESTÃO AS ORIGENS DA ESPERANÇA OU SUAS FONTES?
– A esperança é o produto da experiência (Rm 5.4). É possível que as experiências e as provações da vida levem o não-cristão ao desespero. O cristão tem uma esperança que vê todas as coisas e que se torna cada vez mais brilhante e não ofuscada.
– A esperança é o produto das Escrituras (Rm 15.4). Se alguém estudar o registro do tratamento de Deus com os homens e da intenção de Deus para os homens, isso trará muita esperança. Para o cristão, a lição da história é a esperança.
– A esperança provém da consciência de ter sido chamado por Deus (Ef 1.18). O cristão não tem o senso desesperado de uma salvação para a qual deve estar lutando. Tal esforço seria em vão. Tem o senso de um novo relacionamento com Deus para o qual foi convidado, não porque o mereceu, mas pela pura misericórdia de Deus.
– A esperança é o produto do evangelho (Cl 1.23). O evangelho é boas novas. Uma mensagem como a de João Batista (Lc 3.7, 17) é uma mensagem com uma ameaça que levaria qualquer homem ao desespero. A mensagem de Jesus é um convite, uma oferta, uma promessa, uma boa nova admirável que levanta o coração de qualquer homem que está pressionado pelo seu pecado.
– A esperança depende de Jesus e da Sua obra (Cl 1.27; 1 Tm 1.1). A esperança cristã não é fundamentada em qualquer coisa que o homem tenha feito, ou que possa fazer sozinho. É fundamentada naquilo que Cristo fez por ele.
O QUE ACONTECE POR MEIO DESSA ESPERANÇA EM NOSSA VIDA?
– A esperança vem mediante a graça (2 Ts 2.16). O próprio alicerce da esperança cristã é a oferta livre e imerecida de perdão e de comunhão que Deus oferece aos homens. A esperança nasce quando descobrimos que não merecemos a salvação, mas a recebemos.
– É mediante a salvação que nos regozijamos (Rm 12.12). Um cristão melancólico é uma contradição. O homem que conhece o poder de Cristo nunca mais pode desesperar-se a respeito de si mesmo ou do mundo. Ele descobriu o ―senso do possível‖, porque descobriu que com Deus todas as coisas são possíveis.
– Somos salvos pela esperança (Rm 8.24). A esperança de que Deus é conforme Jesus disse que Ele era, constitui a base de toda a salvação. Somente quando começamos a ver Deus como Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo é que podemos até mesmo contemplar a salvação como uma possibilidade para o homem pecaminoso.
– A esperança mantém o cristão perseverante. Esta é uma das grandes notas da Epístola dos Hebreus (Hb 3.6; 6.11; 18). O cristão é o homem que pode batalhar e continuar a se esforçar, pode lutar contra si mesmo e suas tentações e pode suportar a dificuldade de ser um cristão, porque tem algo infinitamente precioso para antegozar.
O QUE CHAMAMOS DE ALICERCES DA ESPERANÇA?
– A esperança está em Cristo (1 Ts 1.3). Esperamos, não devido à qualquer força que possamos dar à vida, mas porque agora temos a certeza da ajuda que Cristo pode trazer.
– A esperança está alicerçada em Deus (1 Tm 4.10), porque Deus é o Deus da esperança (Rm 15.13). Deus é o Deus que dá esperança. O caráter de Deus, conforme Jesus no-lo descreveu, é o fundamento definitivo de toda a nossa esperança.
– A esperança olha para Deus. Fica face a face com Deus (At 24.15; 1 Pe 1.21; 3.5; 1 Tm 5.5). O cristão é um homem de esperança porque conserva seus olhos fitos em Deus. Agostinho disse a um miserável que pensava somente em seus pecados: ―Olhe para fora de você mesmo e olhe para Deus‖. O olhar em direção a Deus é o segredo da esperança cristã. A esperança cristã não é simplesmente uma esperança trêmula e hesitante de que as promessas de Deus talvez sejam verídicas. É a expectativa confiante de que não podem ser mentiras.
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Estes foram os motivos para escolha do título de meu E-book: Agentes de Esperança – Estabelecendo o Shalom de Deus através da missão integral. Disponível para venda – AQUI.
Pessoas transformadas por Cristo para uma missão até que Ele venha!
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BIANCO, Claudecir. Agentes de Esperança – Estabelecendo o Shalom de Deus através da missão integral. E-book. Disponível em <https://www.amazon.com.br/dp/B01LXR9GPV>
BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudos de Genebra – São Paulo: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.
ELPIS e ELPIZEIN – Palavras chaves do Novo Testamento; p. 48 – 50. William Barclay. Ed. Vida Nova, 2010.
