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O melhor presente de Natal: O último Adão

Por: Claudecir Bianco
Teólogo e Missionário
Dezembro/2019


Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor. Romanos 8:39

25 de dezembro é comemorado o nascimento de Jesus, o Cristo de Deus. Este dia foi escolhido para se comemorar este evento, pois, o dia exato do nascimento de Jesus é desconhecido. Historiadores sugerem algum dia do mês de abril, pois é o período da primavera, com clima mais ameno e, portanto, jamais em dezembro por ser período do inverno, na região de Belém.

Outro fator, pode ter influenciado eruditos cristãos, do século 3º, que sugerirem o dia 25 de dezembro como data do nascimento de Jesus, baseados em complicadas contas a partir de textos bíblicos, contando 9 meses para frente (o tempo da gravidez de Maria), chegando, assim, à provável data.

Dessa forma, para consolidar este evento, em algum momento do século 4, a Igreja fixou a comemoração no dia 25 de dezembro com a intenção de suplantar o antigo – e muito popular – festival pagão do Sol Invicto, que ocorria mais ou menos na mesma época do ano e era pretexto para comilanças homéricas. A festa comemorava o solstício de inverno (dia mais curto do ano). No hemisfério Norte, ele normalmente ocorre por volta do dia 22 de dezembro (21 de julho no hemisfério Sul). O Natal é a festa cristã mais celebrada pelas pessoas que não frequentam igrejas, tornando as missas e cultos natalinos os eventos mais concorridos do ano.

Assim, pareceu bem, condicionar a data para dezembro e assim está. Seu significado, porém, sempre foi sugerido como dia de confraternização familiar, dia de trocar presentes, momentos de alegrias, soltar fogos de artifícios, muita comida e bebidas à vontade. Geração após geração, cada vez mais o foco está no dia da festa em si, do que na percepção da ação de Deus ao enviar seu único filho por amor à humanidade pecadora. Se em séculos passados a Igreja temia a influência pagã sobre a festa cristã, as preocupações atuais são o consumismo e os excessos que marcam as festas de fim de ano.

Para o comércio capitalista, se tornou um dos melhores momentos do ano, pois é um período onde se fatura alto. Para os fiéis cristãos, se tornou um período de reflexão, mais centrado na festividade do nascimento de uma criança pobre e indefesa, não se preocupando com o dia, assertivo ou não, do nascimento e muito menos das consequências que este evento se desenrolou para sua vida. O foco, portanto, está na confraternização, nas apresentações, na agenda.

Ao construir um significado, demasiadamente ‘especial’ para este determinado dia, muitos podem se decepcionar com os resultados que ele traz, por exemplo: ao focar que deve ser uma confraternização familiar e aguardar ansiosamente por este momento, em havendo qualquer problema que diminua esta expectativa, a frustração trará um momento depressivo, com lágrimas e solidão. Assim, é sabido que no dia de Natal, há várias ocorrências de complicações da chamada ‘depressão no natal’, que pode desencadear outras situações psicossomáticas nos dias próximos, podendo levar, em casos mais graves AVCs e, até mesmo, ao suicídio.

Como cristãos, nosso pensamento e prática devem estar concentrados, muito mais em quem foi Jesus e em sua obra, do que nas eufóricas festas comemorativas do seu nascimento que foi, ao longo dos anos, deturpada do real significado.

A reflexão que convido você a fazer, nestas breves linhas, está no evento principal da vida do Cristo que nos foi dado, para restauração e consumação da nossa salvação. Está concentrado no significado, obra e na própria figura do messias, com muito mais ênfase em sua provação no início do seu ministério, do que na singela percepção e comemoração, exagerada do seu nascimento. Esta reflexão se concentra no evento mais significativo da fé cristã: o batismo do Filho de Deus realizado por João Batista, inaugurando, assim, o momento quando Jesus, já próximo dos seus 30 anos de idade, recebe sua ‘ordenação’ ao ministério, de forma audível e clara.

Tudo começa quando Jesus vai até João para ser batizado. Sabedor que Jesus era o Messias, João pergunta:

Eu que tenho a necessidade de ser batizado por ti, e vens tu a mim? Jesus, porém, respondendo, disse-lhe: Deixa que assim seja por agora, pois nos convém cumprir toda a justiça. Cf. Mateus 3.14 e 15.

Aqui encontramos o primeiro sinal de obediência de Jesus, pois se recusasse o batismo de João se assemelharia a um rebelde, desagradando a Deus.

…eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele. E eis que uma voz do céu dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo. Cf. Mateus 3.16 e 17.

Depois disso, a primeira ação do Espírito Santo foi levar Jesus para o deserto para ser tentado por Satanás, durante 40 dias.

Antes de prosseguir, devemos nos perguntar: Por que essa situação aconteceu?

Sabemos que as escrituras apresentam Jesus como o ‘novo’ Adão, ou o ‘último’ Adão e assim, nos mostra uma relação entre Jesus e o primeiro Adão que também foi tentado por Satanás.

Assim, vemos o fracasso do primeiro Adão, em sua tentação em sua provação sob o ataque de Satanás, e a obediência bem-sucedida do último Adão, Jesus. Podemos observas algumas diferenças circunstâncias das tentações entre os dois.

Há também uma extraordinária comparação entre os paralelos dos eventos da tentação de Jesus e sua aprovação por sua obediência, com o período de 40 anos de Israel no deserto e sua eminente desobediência e fracasso. Jesus, dessa forma, está qualificado para criar um novo Israel espiritual.

No entanto, o foco deste artigo é destacar os paralelos entre Adão e Jesus, entre o primeiro Adão e o último.

ALGUMAS COMPARAÇÕES DOS EVENTOS

 

Primeiro Adão Último Adão
Estava no jardim do Éden Estava no deserto
Tinha alimento Estava em jejum
Estava acompanhado Estava na mais absoluta solidão
Tinha de tudo e perdeu Não tinha nada e ganhou tudo
Desobedeceu às orientações Obedeceu incondicionalmente
Não tinha conhecimento do pecado Conhecia muito bem o pecado – prática comum
Não conhecia o mal Tinha pleno conhecimento do mal
Ingenuidade Astúcia
Foi desperto para o desejo de se tornar igual a Deus Único desejo de servir a Deus
Teve vergonha das consequências de sua decisão Foi exaltado por Deus… os anjos o serviram
Foi posto em dúvida: ‘Não podem comer de nenhum fruto?’ Foi posto em dúvida: ‘Se és o filho de Deus…’
Foi expulso do paraíso Foi exaltado no céu
Seu pecado trouxe a morte para toda a humanidade até Moisés Sua obediência venceu a morte e trouxe vida para aquele que crê
Por causa do seu pecado, foi instituído a lei Por causa da sua obediência, foi instituída a graça
Por causa do pecado, a terra foi amaldiçoada Por causa da sua obediência, a terra expressa seu clamor por restauração
Por causa do pecado a Salvação era pela lei Por causa da obediência a Salvação é pela graça
Pelo pecado de um, todos se tornaram pecadores Pela obediência de um, muitos foram e serão feitos justos
Por um, todos foram condenados Por um, todos foram justificados

 

POUCAS SEMELHANÇAS COM PROFUNDAS CONSEQUENCIAS

Através de apenas uma tentação, Satanás obteve sucesso com Adão e Eva.

Para Eva: A tentação veio através da sutileza: ‘Se você não pode comer dos frutos desta árvore, então você não é livre…’ Certamente não morrereis…

A sutileza em querer transformar a verdade em ‘meia verdade’ ou, em uma contradição, desperta em Eva a dúvida e o desejo, consequentemente os mesmos sentimentos surgem em Adão.

 

Para Jesus, foram vários momentos, pelo menos três deles, aconteceram depois dos 40 dias de jejum:

A tentação veio através da sutileza, e de forma semelhante ao que Satanás havia feito com Adão e Eva, tentando colocar Jesus em dúvida, acompanhe:

Se você é, realmente o filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães’.

Você se lembra das últimas palavras que Jesus ouviu, logo depois que foi batizado, uma das poucas vezes que Deus falou audivelmente?

– ‘Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo’.

A resposta de Jesus: Não só de pão viverá o homem, mas de toda a Palavra que procede da boca de Deus, ele está afirmando a total confiança e certeza que realmente é o Filho de Deus.

Se você é, realmente o filho de Deus, se jogue do pináculo do templo e não se preocupe, pois a palavra diz que seu Pai mandará seus anjos para o amparar.’

A resposta de Jesus: ‘Não tentarás o Senhor, teu Deus.’ Você pode até me tentar, mas eu não vou tentar meu Pai. Não preciso pular do pináculo do templo para saber que os anjos cuidarão de mim.

Então Satanás, levou-o a um monte muito alto e apresentou a ele, todos os reinos do mundo e a glória deles: ‘Tudo isso lhe darei, se prostrado me adorares.’ … toda a glória, a autoridade, o poder… tudo o que precisa fazer é se prostrar, ninguém verá; é apenas uma flexão dos joelhos… só uma vez e tudo será seu, sem sofrimento, sem dores, sem humilhações, sem crucificação… só uma pequena flexão dos joelhos, e tudo será seu.

A resposta de Jesus: Retira-te, Satanás, por que está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a Ele darás culto.’

O ataque a Jesus, veio por três vezes e, nestas três vezes foram direcionadas contra a confiabilidade da Palavra de Deus, com a sutiliza em transformar a verdade absoluta em ‘meias verdades’, com o intuito que colocar dúvidas, tentando seduzir Jesus, assim como havia feito com Adão e Eva.

Assim, Satanás é expulso da presença de Jesus e o Pai manda que os anjos o sirvam.

Mas ainda não é o fim das tentações! Em todo o tempo de sua vida, Ele ainda vai experimentar outras tentações, na tentativa de Satanás em fazer com que Ele tome uma decisão diferente.

Estas tentações vieram, na maior parte, por seus melhores amigos.

Quando Ele disse que deveria ir para Jerusalém para sofrer, alguns disseram: ‘De modo nenhum. Não pode fazer isso.’

E quando Pedro disse a Jesus na confissão de Cesareia de Felipe, que Ele não poderia ir para Jerusalém sofrer, o que respondeu Jesus?

Ele se vira para Pedro e diz: ‘Arreda-te de mim, Satanás! Já ouvi esta mensagem antes!’

Assim, Jesus cumpriu e obedeceu exatamente a Palavra do Pai e foi exaltado nos céus.

Por isso, Ele é Senhor dos senhores e Rei dos reis, princípio e o fim, o Alfa e o Ômega.

Ao comemorar o Natal, a cada ano, que esta mensagem tenha cada vez mais sentido na sua vida e traga com ela uma práxis de amor e semelhança com a proposta do evangelho transformador do Filho de Deus.

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BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudos King James – BKJ 1611 – Niterói, RJ : BV Films Editora, 2018.

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2 Comentários

    • Belino Leite Sousa

      Muito. Boa reflexão
      Sou muito grato a Deus por sua vida e por toda a sabedoria que Ele tem dado a você para compartilhar sua Palavra.
      Que o Senhor continue abençoando a sua vida meu amigo.

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