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Proibida a entrada de pessoas perfeitas

Um chamado à tolerância na Igreja

Por: Claudecir Bianco – Teólogo e Missionário

Setembro/2018

 

O ponto focal do livro está no conceito de ‘Venha como está, mas não permaneça como é!

O prefácio foi escrito pelo Pr. Presbiteriano Lindberg Clemente de Moraes, que também é professor de Ética da Universidade Presbiteriana Mackenzie de São Paulo.

Proibida a entrada de pessoas perfeitas é uma leitura empolgante e atual que nos desperta para a prática do diálogo, para o cultivo da tolerância, da verdade e do amor, interligados com as orientações de Jesus e com situações reais vividas pelo autor no cuidado com seu rebanho. Nesta obra John Burke combate a hipocrisia cristã e defende o fim da ‘máscara eclesiástica’, pois nossas armas são frutos do Espírito; afinal somos um Igreja da Graça, cuja marca deve ser a paciência sem medida. p.10

A introdução aborda sobre a história de Deus em nossas histórias.

Escrevi este livro principalmente para líderes da igreja, de ministérios e de pequenos grupos com o intuito de criar uma cultura do tipo ‘venha como você está’ e construir uma ponte entre a igreja e o mundo pós-moderno. Além do mais, creio que, Proibida a entrada de pessoas perfeitas proporciona uma percepção singular da luta pela fé que beneficiará a todos, céticos ou crédulos. Veremos, com detalhes vívidos, como Deus busca pessoas de uma forma misteriosa e incomum e que ninguém está tão afastado ou perdido que não possa ser alvo do amoroso alcance de Deus. p.13

O livro está composto por mais de 400 páginas, onde John Burke traz relatos de pessoas com as mais variadas necessidades e foram atendidas por ele, ou por outros membros da Igreja Gateway, na cidade de Austin, estado do Texas, na América do Norte.

John Burke é pastor da Igreja (Comunidade Gateway) e presidente da Emerging Leadership Initiative, afirma que levou cerca de 15 anos para escrever este livro. E que neste mesmo tempo, teria trocado o mundo dos negócios por um ministério com universitários com a intenção de ajudar sua geração a encontrar uma fé autêntica.

Depois que algum tempo de pesquisas, identificou o ‘tipo’ de igreja que gostaria de investir suas energias. Após identificar características distintas da geração pós-moderna, concluiu que não precisava mais de desconstrução, teorias e estatísticas, mas acreditar que ainda neste tempo Deus está construindo sua Igreja, com pessoas ‘diferentes’ (para muitos padrões!).

Segundo o autor, os ‘diferentes’ são a futura igreja da América! Esta é a geração que a igreja deve alcançar se quiser sobreviver. É uma geração eclética com uma busca espiritual sinuosa e instável, e a igreja tem uma oportunidade incrível de ser um guia nessa jornada.

O livro está dividido em sete partes distribuídos da seguinte forma: Na primeira parte o autor fala sobre a luta pelas novas gerações. Na segunda parte, a luta pela confiança, na terceira, a luta pela tolerância, depois, a luta pela verdade; seguida da luta pelo quebrantamento. A sexta parte está a luta contra a solidão e finalizando sua obra, o autor discorre sobre a luta pelo futuro.

Todas estas partes abordadas com capítulos específicos com relatos incomuns de pessoas que não entrariam em nenhuma igreja, pelo menos, as que conheço.

Cada um dos 16 capítulos, inicia com temas interessantes e bem focados, com relatos contundentes e que nos faz refletir cada atitude, tanto de quem relata seu caso, como as respostas práticas dadas pelo Pr. Burke e sua equipe.

Muitos destes assuntos, sequer faz parte de qualquer sermão das igrejas de hoje. São assuntos sérios, absorvidos pela sociedade de forma geral, mas que por opção ou omissão os líderes não querem falar. Alguns exemplos: Cinismo, dúvidas, fingimento, venha como está, as outras religiões, tolerância, homossexualidade, humildade, verdade encarnada, quebrantamento, cultura de esperança, integridade sexual, vícios, solidão, cultura familiar, vida e morte, futuro…

Como se vê, estes assuntos estão fora das pregações e práticas das comunidades cristãs há algum tempo e mesmo que tenha uma mensagem com estas temáticas, nós, os membros, não temos competência alguma para atuar de forma prática nestas áreas, pois vivemos um cristianismo hedonista que busca pela felicidade existencial, ao prazer e felicidade.

Cada capítulo tem, no final um guia de estudo com textos bíblicos e perguntas específicas tanto sobre a reflexão bíblica quanto perguntas para se trabalhar com grupos pequenos.

Interessante que, no início de cada capítulo, traz também citações de autores não bíblicos como exemplos:

Todos os especialistas em diagnósticos continuam apontando para as décadas de 1960 e 1970 como momento fatídico quando tudo começou a caminhar para o inferno. Hove e Strauss, 13ª Geração – p.36

Acredite, há mais fé na dúvida sincera do que na metade dos credos. Lorde Alfred Tennyson – p.63

E amor não é coisa fácil… A única bagagem que você pode levar é o que não pode ficar pra trás. U2, Walk On – p.129

Um texto com relatos desafiadores para líderes, missionários e membros que buscam respostas para o real significado de ser Igreja nos dias atuais. Não é uma fórmula mágica, ou um ‘receita’ de sucesso para sua comunidade, mas um conteúdo que mais nos aproxima de uma prática da imitação do Cristo de Deus.

Creio que o conteúdo deste livro exemplifica de forma muito assertiva a prática de imitação de Jesus ao qual me referi no artigo ‘Há muito tempo deixei de seguir Jesus’, onde caracterizo que há equívocos práticos no entendimento entre ‘seguir’ e ‘imitar’.

Proibida a entrada de pessoas perfeitas, deve ser lido com calma e espírito de reflexão. De leitura fácil e envolvente, nos faz refletir sobre quem somos nós no espaço eclesiástico. Se somos os ‘diferentes’ ou os ‘perfeitos’ que conseguiram burlar a entrada, e acima de tudo, causam mais problemas do que a ajuda para transformar a vida de quem realmente precisa.

Leitura valiosa e vale o investimento!

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BURKE, John – Proibida a entrada de pessoas perfeitas: Um chamado à tolerância na Igreja. São Paulo: Editora Vida, 2006.

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1 Comentário

  1. Cláudia Miranda

    Parece ser uma leitura muito instigante.
    Quantas vezes nos percebemos agindo em nossas comunidades, em nossas vidas como se fôssemos perfeitos e nem percebemos que com isso afastamos as pessoas de nosso convívio e até de nossa fé! É um contra testemunho! Jesus nos diz que não veio para os que estão bem de saúde e sim para os doentes, não para os perfeitos e sim para os imperfeitos.
    Valeu a dica!

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