Por: Claudecir Bianco
Teólogo e Missionário
Março/2019
Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo. João 16:33
Por vezes, pensamos em desistir e parar de lutar com as coisas da vida. Às vezes, ficamos atordoados com a somatória dos problemas que, paralisamos, ficamos como quem não sabe por onde começar a resolve-los. Ninguém, acorda de manhã querendo aumentar o repertório de problemas, ou pensa em como ampliar a lista de más notícias e conflitos. No entanto, eles aparecem, e sem qualquer generosidade, toma seu lugar em nossa mente. Nossa mente, por sua vez, funciona como uma esponja que absorve tudo. Estes fatos, negativos são o que se pode chamar de depressão, ansiedade, solidão, estresse, fobias, tristezas… a lista deste time só aumenta.
Diante de um cenário como estes, os resultados vão depender da maneira como enxergamos estes problemas e a ênfase que damos para cada um deles. Se gasto muita energia pensando mais no problema do que nas possíveis alternativas para resolvê-lo, o problema (em si) poderá se tornar ainda maior em minha mente, e infelizmente complicando mais a situação e até desencadeado uma série de doenças, potencializando a falta de ânimo, desesperança e tantas outras coisas negativas. Hoje, com as dificuldades que a própria vida nas dá, onde o excesso de competição no trabalho, nos negócios, impostos, contas atrasadas, relações familiares complexas, trânsitos, exigências por todos os lados, viver acaba sendo uma tarefa difícil com o enfrentamento de desafios constantes. Parece que não temos mais um dia, se quer, de folga. Talvez, por estarmos tão agarrados aos problemas, vamos sucumbindo aos poucos.
Tem uma história que pode ilustrar essa situação:
Um urso faminto procurava alimento na floresta. Chegou a um acampamento de pescadores, atraído pelo cheiro de comida vindo de um enorme caldeirão sobre uma ardente fogueira.
O local estava vazio naquele momento, por isso o urso se aproximou e, enfeitiçado pelo cheiro, abraçou o caldeirão e o retirou do fogo.
Logo seu peito e suas patas começaram a queimar em razão do contato prolongado com o ferro em brasa. Como desconhecia aquela sensação, o urso pensou que algum outro animal queria feri-lo para se apoderar da sua conquista.
Assim, em vez de largar o caldeirão, ele o prendia ainda mais contra o peito.
Quanto mais lhe doíam as queimaduras, mais fortemente o urso apertava o caldeirão. E urrava – de dor e de raiva, e se perguntava: por que tentavam roubar-lhe o alimento?
Ainda agarrado ao caldeirão, o urso morreu, vencido por aquele estranho animal que ousara desafiá-lo.
Às vezes, podemos agir como este urso. Ficamos agarrados às coisas do passado como se não pudéssemos viver de outra forma. Desconhecemos a sensação do presente, mas teimamos em manter aquele sentimento de dor. A dor que nos consome, é a mesma que pode nos libertar. Ao primeiro sinal de dor e sofrimento… ‘largue o caldeirão’! O querer sofrer sozinho, em si, já é um grande sinal de que está hora de buscar ajudar.
Teimamos em manter o caldeirão junto de nós, pois representa nossa maior conquista. Chegamos ao ponto, assim com o insensato que não conhece suficientemente Deus e perguntamos: Onde está Deus? Por que não me ajuda? Por que não muda esta situação, que tanto persiste?
Max Lucado, relata em seu livro, intitulado: ‘Dias Melhores Virão’, que…
[…] Deus habita uma esfera diferente. Ele ocupa outra dimensão. “Os meus pensamentos não são os pensamentos de vocês, nem os seus caminhos são os meus caminhos… Assim como os céus são mais altos do que a terra, também os meus caminhos são mais altos do que os seus caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os seus pensamentos” (Isaías 55.8 e 9).
Dê uma atenção especial à comparação implícita. Os pensamentos de Deus não são os nossos pensamentos, nem são como os nossos. Nem estamos na mesma vizinhança. Estamos pensando: preserve o corpo; ele está pensando: preserve a alma. Sonhamos com um aumento de salário; ele sonha em ressuscitar mortos. Evitamos a dor e procuramos a paz; Deus usa a dor para trazer a paz. ‘Vou viver antes de morrer’, decidimos; ‘Morra para que você possa viver’, ele instrui. Gostamos do que enferruja; ele gosta do que dura. Alegramo-nos com nossos sucessos; ele se alegra com nossas confissões. Mostramos aos nossos filhos o astro da Nike exibindo um sorriso de um milhão de dólares e dizemos: ‘Seja como Ronaldo’; Deus aponta para o carpinteiro crucificado que tem os lábios manchados de sangue e um dos lados dilacerado e diz: ‘Seja como Cristo’. (LUCADO, 2007, p. 16)
Isso não quer dizer que Deus não se importa conosco ou que tenha nos abandonado. Muito pelo contrário. Ele se importa tanto que mandou seu Filho para viver neste mundo e mostrar o caminho que devemos seguir e a morrer para que pudéssemos ter a vida eterna. E foi o Filho que certa vez disse:
…no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo. João 16:33b
Às vezes, ao ler alguns relatos da vida de Jesus, podemos achar que ele sofreu somente aquilo que foi descrito no texto. Creio que não! Ele sofreu muito mais…
Mais tarde, outro que nos ajuda com suas reflexões é o apóstolo Paulo, quando escreveu a carta aos Romanos no capítulo 8, versículos 38 e 39 que diz:
Estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.
Há momentos em que as dificuldades são tantas que até mesmo estas palavras parecem não ajudar. Parece que nada do que estamos empenhados em fazer, está dando certo. Mesmo assim e, apesar disso, precisamos suportar as pressões e os problemas e seguir em frente… vivendo um dia de cada vez!
Não pense que você está sozinho(a) nesta situação. Todos nós, ou já passamos ou, estamos vivendo situações semelhantes de sofrimento e dificuldades. O que nos confortar é perceber que tudo é passageiro e tudo tem seu tempo. Mesmo estes momentos tenebrosos, irão cessar e haverá outros momentos de gozo e paz.
Encerro este texto, com algumas dicas, caso esteja passando por alguma situação destas:
1 – Não fique a todo tempo pensando no problema, mas busque conhecer as possibilidades de resolvê-lo. Se acha que não poderá fazer sozinho, não hesite, busque ajuda!
2 – Procure se alimentar saudavelmente e descansar o suficiente para não deixar que seu corpo assimile os problemas.
3 – Faça atividades físicas, desde frequentar uma academia ou fazer caminhadas. Curta esse momento.
4 – Cada vez que um pensamento ruim vier à sua mente, traga a memória outro, como este: ‘Tudo será resolvido’! – Essa atitude fará uma grande diferença nestes momentos cruciais.
5 – Compartilhe seus problemas com um(a) amigo(a) de confiança. Antes, é claro, pergunte se ele(a) está ‘disposto’ a te escutar. No entanto, isso não elimina a busca por um profissional capacitado para esta tarefa.
6 – Ore, confiante que Deus, no tempo DEle, mudará esta situação e lhe restaurará a alegria.
Siga perseverante e confiante que, à medida que o tempo passa, também passarão os problemas e sofrimentos, um novo dia virá e as coisas serão melhores, tende bom ânimo!
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BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudos de Genebra – São Paulo: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.
LUCADO, Max. Dias Melhores Virão – Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2007.
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