Menu fechado

A morte da morte

Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?
Primeira carta do Apóstolo Paulo aos Coríntios, capítulo 15, versículo 55


Por: Claudecir Bianco
Teólogo e Missionário
Fevereiro/2019


O início do ano de 2019 foi marcado por catástrofes e mortes. Como em nenhum outro momento da história, assistimos nos telejornais e vídeos nas redes sociais as pessoas perderem sua vida. Num piscar de olhos, desaparecem, voltam ao pó! Assaltos à luz do dia, avalanches, deslizamentos, enchentes, quedas de aeronaves, fogo, lama. Mais do que nunca, parece que o dito popular vem à mente a todo instante: ‘Para morrer, basta estar vivo!’

No entanto, os momentos seguintes, os dias seguintes, continuam a nos desafiar com dores e sofrimentos. A ausência daquele que se foi, nos corrói e nos deixa num estado de descrença, indignação, impotência.

Já faz algum tempo que expandimos nossas relações e fomos além da relação humano x humano…, estamos experimentando um novo tipo de alegria e posterior perda e tristeza. Nossas famílias podem aumentar com uma ida à loja de Pets. Estes pequenos seres que nos envolvem com amor e carinho a cada hora, dão um novo significado no sentido de como vivemos a vida. Mas, a temida hora da despedida também chega e a mesma dor nos consome. Por mais que tenhamos que passar por momentos assim, cada vez que um novo evento acontece, parece que a dor e sofrimento não terão fim, dói na alma!

A morte pertence à vida, como pertence o nascimento.

O caminhar tanto está em levantar o pé como em pousá-lo no chão.

Tagore – Pássaros errantes, CCXVII

Podemos compreender a situação. O sentimento de dor e ausência passarão, mas a saudade e marca na alma, jamais! Cada pessoa e cada sociedade ao redor do mundo age e reage diferente frente a este momento de perda.

As expressões de fé, revestidas das religiões, também tratam este momento com muita distinção e propriedades particulares. Para algumas delas, é o fim de tudo, outras veem como sendo o início de uma nova jornada, para outras ainda, é algo cíclico. Isso pode ajudar muito a amenizar a dor e trazer esperança para o futuro daqueles que ainda aguardam seu momento de partir.

Para o cristianismo é uma passagem. Cristo venceu a morte derradeira e trouxe a vida. No entanto, todo o processo não é menos doloroso ou diferente, mas é um momento de encontro com o salvador e criador da vida.

Porque assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem.

1ª Coríntios 15:21

Sabendo que, tendo sido Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a morte não mais tem domínio sobre ele. Romanos 6:9

Mesmo vivenciando situações como estas de perdas e mortes, podemos nos confortar em Cristo! Para aqueles que creem, será apenas uma passagem, o acordar de um sono. No entanto, não há palavras para confortar aqueles que ficam, eles vivenciarão o momento fúnebre e farão o seu luto.

Assim, podemos crer e confiar:

E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu Filho. João 5:11

 

Já posso partir! Que meus irmãos se despeçam de mim!

Saudações a todos vocês; começo minha partida.

Devolvo aqui as chaves da porta e abro mão dos meus direitos na casa.

Palavras de bondade é o que peço a vocês, por último.

Estivemos juntos tanto tempo, mas recebi mais do que pude dar.

Eis que o dia clareou e a lâmpada que iluminava o meu canto escuro se apagou.

A ordem chegou e estou pronto para minha viagem.

Tagore

Gitanjali, XCIII


Baixar em PDF :

Post relacionado