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Do terror à esperança

Teologia apocalíptica, surgimento e contextos

Por: Claudecir Bianco
Teólogo e Missionário
Setembro/2018

Tomem cuidado para que ninguém engane vocês.
Porque muitos vão aparecer fingindo ser eu e dizendo:
“Eu sou o Messias!” E enganarão muitas pessoas.
Não tenham medo quando ouvirem o barulho de
batalhas ou notícias de guerras.
Tudo isso vai acontecer, mas ainda não será o fim.

Palavras de Jesus, registradas por Mateus,
capítulo 24, versículos de 4 ao 6 – NTLH 0

 

Peste, Guerra, Fome e Morte, são os quatro cavaleiros descritos no livro do Apocalipse, presente na Bíblia Sagrada.

O Apocalipse da Bíblia Cristã, teria sido escrito por João, por volta do ano 90 a.D. Apesar do ceticismo de alguns estudiosos, a autoria do texto consolidou-se como sendo pelo mesmo autor no Evangelho de João.

Parece que este assunto, apesar de assustar a muitos, instiga a curiosidade do ser humano, pois além de tentar descrever o terror presente, projeta um futuro, de terror ainda maior, culminando com uma renovação geral e última.

Assim como nos dias atuais, as notícias que causam mais espanto, atraem as multidões.

Falamos aqui sobre um gênero literário chamado de Teologia Apocalíptica.

Enganam-se aqueles que pensam ser o livro do Apocalipse, uma ‘revelação’ exclusiva do Cristianismo. Este modelo redacional está presente no mundo há mais de mil anos antes de Cristo.

Assim, minha intenção neste artigo é apresentar um panorama informativo, com a finalidade de esclarecimento cronológico e teológico, buscando uma observação histórica sobre questões da apocalíptica e como foi esta, foi moldada ao longo do tempo.

Utilizei um ‘recorte’ do capítulo três, do livro de Roldán, Do terro à esperança [1], que consiste em apresentar as origens do milenarismo, os dados bíblicos sobre o tema e as escolas que se forjaram em torno ao milênio, seja a partir de uma interpretação literalista, seja a partir de uma compreensão simbólica.

Na sequência, apresento a tabela* com um resumo cronológico dos principais eventos, destacados no livro Teologia Apocalíptica [2] do Profº Dr. Marlon R. Fluck.

Esta apresentação cronológica, nos mostra que o ‘conceito’ apocalíptico se ‘apresentava’ para as sociedades, de acordo com determinados acontecimentos, às vezes com mais intensidade do que outras, acentuando sua percepção e sua reação.

Acrescentei na tabela, na coluna da esquerda, algumas datas de início de movimentos e criação de igrejas, posterior à Reforma Protestante, crendo eu ter algum relacionamento com o episódio principal descrito.

Atente que as datas podem apresentar divergências, dependendo da fonte consultada.

Particularmente acredito que a maioria dos cristãos que frequentam as igrejas na atualidade não conhecem a história da sua denominação e muito menos sua linha teológica, não só para a interpretação do apocalipse, como para os outros assuntos que fazem parte da sua identidade, enquanto igreja.

Sem dúvidas, as práticas da igreja estão relacionadas à sua interpretação bíblica, quer seja para a atualidade como para futuro.

A urgência ou não, do anuncio do Evangelho, é um exemplo claro. Não falo da hipocrisia para ‘aumentar’ o número de fiéis, mas sim do anuncio de salvação para o perdido, independente de ser aqui ou em outo lugar, mas promovido pela igreja local de forma intencional.

O envolvimento missionário é outro conceito que, de acordo com a interpretação bíblica, fará a igreja ser atuante ou não, no campo missionário. Também não me refiro a enviar algum valor para um missionário e assim, tirar o ‘peso’ da consciência.

Falo de uma atuação intencional no campo missionário com planejamento participativo dos membros da igreja, dedicação, oração e compromisso.

Dessa forma, a intenção na exposição deste material, é trazer luz para que aja uma interpretação de forma sóbria, que culmine com práticas efetivas, na evangelização e expansão missionária para os dias atuais e futuros.

Boa leitura, bons estudos e novas reflexões!


Origem do milenarismo

As investigações sérias realizadas no âmbito da apocalíptica coincidem em assimilar a origem judaica e intertestamentária do milenarismo, entendido como um período de mil anos de governo de Deus sobre a terra, antes do fim. Dentro do judaísmo, os rabinos falaram de uma época messiânica cuja duração era incerta. Alguns deles falavam de quarenta anos, como que rememorando o êxodo, outros falavam de quatrocentos anos, e, finalmente, alguns se referiam há mil anos.

O termo grego que é traduzido por “mil anos” e do qual vem o latim milenium é chília, razão pela qual o milenarismo também é chamado de quiliasmo. Essa palavra aparece somente em Apocalipse 20.2-7.

O fundamento bíblico para o milenarismo, entendido como mil anos de reinado literal de Jesus Cristo sobre a terra, é sumamente débil, no sentido de estar dentro de um contexto apocalíptico que, como tal, recorre permanentemente à simbologia numérica.

Os milenaristas oferecem muitas citações de textos do Antigo e do Novo Testamento para apoiar suas afirmações, mas se trata, certamente e como veremos, de extrapolações ou aplicações das ideias milenaristas e passagens bíblicas que não necessariamente se referem a esse período futuro de reinado de Jesus Cristo por mil anos, a partir de Jerusalém.

Desenvolvimento histórico do milenarismo

As ideias milenaristas, de alguma maneira, remontam a alguns Pais da Igreja que vislumbraram uma espécie de reinado literal de Jesus Cristo por mil anos sobre a terra. Mas um dos personagens chave foi Montano, que, em meados do século II, pretendendo ser um profeta de Deus, proclamou o tempo do Espírito Santo.

Eusébio de Cesaréia, primeiro historiador sistemático da igreja no século IV, interpretou o reinado de Constantino como o começo do milênio. Agostinho de Hipona, na primeira etapa de seu pensamento, subscreveu a ideia de um milênio literal. Depois mudou para uma ideia espiritual do milênio. Agostinho fala de duas maneiras que se podem interpretar os “mil anos”. Uma é entender que os mil anos correspondem ao “sexto milênio, como se fosse o sexto dia, do qual os últimos períodos estão transcorrendo agora”. A outra – e mais provável – de interpretar os mil anos é tomar essa cifra pelos anos totais desse mundo, citando com um número perfeito a plenitude do tempo.

Mais adiante, Agostinho, define melhor sua interpretação do milênio, dizendo: “Efetivamente, a igreja reina em companhia de Cristo agora.”

Mas a verdadeira reatualização do milenarismo veio com Joaquim de Fiore (1145-1202), fundador de um mosteiro em Fiore, uma aldeia da Calábria, na Itália. Joaquim proclamou a vinda da redenção com a vinda do Espírito Santo.

Lutero intuiu a proximidade do dia do juízo final. Ele identificava Babilônia com a Roma católica, e o papa com o Anticristo.

O mais enérgico e violento apocalíptico desse período da Reforma foi Tomás Müntzer, que pugnou por fazer cumprir a vontade de Deus e o Reino de Deus através da espada. Em uma apelação difundida em Praga em 1521, Müntzer instava a população a purificar a igreja usando até de violência física, no espírito do profeta Elias frente aos sacerdotes de Baal.

Mas o fim de Müntzer foi trágico, pois foi decapitado a 27 de maio de 1525.

Em nosso âmbito latino-americano, a influência das ideias milenaristas que se verificou na época das independências, quando foi publicada a obra do jesuíta chileno Manuel Lacunza.

Chama a atenção que um fundamento bíblico tão conciso tenha despertado tanto interesse através do tempo, gerando movimentos milenaristas de cunho mui diverso e, por outro lado, que o milênio se tenha transformado no eixo central a partir do qual foram elaboradas as distintas escolas escatológicas.

O pré-milenarismo dispensacionalista

Começamos com o pré-milenarismo dispensacionalista, influência no âmbito evangélico mundial, incluindo nosso contexto latino-americano. É uma variante moderna do pré-milenarismo. Seus começos remontam ao século XIX e ele foi construído a partir das idéias antigas dos Pais da Igreja em torno de um juízo final. Esse último pré-milenarismo é chamado precisamente de “pré-milenarismo histórico” pelo fato de remontar-se aos primeiros séculos da história da igreja. Deve ficar bem claro que nem todo milenarista é dispensacionalista, enquanto todo dispensacionalista, por definição, é pré-milenarista.

Darby, neto do famoso Almirante Nelson, fez uma reinterpretação da Bíblia a partir de “dispensações”, entendida como “economias” no sentido de diferentes tratos ou convênios de Deus com a humanidade.

Que afirmação faz o dispensacionalismo? Um de seus postulados fundamentais é que as dispensações representam formas distintas em que Deus tratou com o ser humano: a dispensação da lei, da graça, do governo humano.

Outra ênfase do dispensacionalismo é sua hermenêutica literal.

Disse Ryrie:

O literalismo consequente é a base para o dispensacionalismo e, desde que o literalismo consequente é o lógico e óbvio princípio de interpretação, o dispensacionalismo está mais que justificado.

O dispensacionalismo dá uma forte ênfase em Israel. Parte do pressuposto de que o reino que Jesus ofereceu a Israel foi o reino teocrático de Davi, ou seja, um reino terreno de caráter judaico. Quando Israel rejeita essa oferta como que ocorre uma mudança de direção, o reino é suspenso e Jesus funda a igreja.

Já entrando em terreno decididamente escatológico, o dispensacionalismo afirma que a chamada “segunda vinda de Jesus Cristo” acontecerá em duas etapas. A primeira delas, chamada de “arrebatamento”, significa que a igreja será tomada por Jesus Cristo a fim de ser levada ao céu, em cumprimento.

A segunda etapa será a “revelação”, isto é, a vinda de “duas segundas vindas”: uma para a igreja, outra para o mundo. Terão lugar duas vindas, uma secreta e outra pública.

A motivação parece ser a fuga da grande tribulação.

O dispensacionalismo afirma que, durante o período da grande tribulação, os judeus pregarão o “evangelho do reino”, e que se converterão muitos judeus e gentios. No fim da grande tribulação, Jesus Cristo regressará para o mundo e estabelecerá o reino de exatos 1000 anos, nos quais ele reinará a partir de Jerusalém e serão reiniciados os sacrifícios do Antigo Testamento no templo reedificado. A explicação para a realização dessas metas está na prisão de satanás durante esses 1000 anos.

Mas será derrotado e lançado ao lago de fogo. Os mortos ressuscitarão e comparecerão diante do grande trono branco e serão julgados. Depois virá o estado final da criação de Deus, com o novo céu e a nova terra.

O pré-milenarismo histórico

Essa escola de escatologia coincide com o dispensacionalismo no sentido de interpretar literalmente o milênio de Apocalipse 20. É chamado de “pré-milenarismo histórico” porque remonta aos Pais da Igreja. Mantém sérias diferenças com seus outros postulados efetivamente, o pré-milenarismo histórico questiona a interpretação judaica do reino trazido por Jesus.

Os argumentos brandidos pelo pré-milenarismo histórico para fundamentar sua posição é que não há “arrebatamento secreto”, já que antes do retorno de Cristo se manifestará o império da iniquidade ou de ilegalidade, em cumprimento à predicação de Paulo em 2 Tessalonicenses 2, em que corrige o que parecia estar indicada em 1 Tessalonicenses 4.13ss e que trouxera consequências graves para conduta de alguns crentes de Tessalônica, que, como Cristo já estava às portas, deixaram de trabalhar e de se ocupar das “coisas do mundo”.

Finalmente, para o pré-milenarismo histórico, não há um pretenso “arrebatamento secreto pré-tribulacional” da igreja. O único ponto importante em comum é a crença em um futuro milênio literal de governo de Jesus Cristo na terra.

O pós-milenarismo

O pós-milenarismo é o ponto de vista sobre as últimas coisas, que defende que o reino de Deus agora está sendo difundido no mundo através da predicação do evangelho e da obra salvadora do Espírito Santo nos corações dos indivíduos, que o mundo acabará sendo cristianizado e que o retorno de Cristo ocorrerá no fim de um longo período de justiça e paz comumente denominado milênio.

Alguns conceberam o milênio como algo do passado, enquanto outros creram que pertencia ao futuro, possivelmente exatamente antes da segunda vinda. A forma mais recente de pós-milenarismo se relaciona com uma descrição de corte humanista e evolucionista e é caracterizada por uma visão otimista que entende que o mundo está num processo de melhora.

Parece não ter tido representantes entre os Pais da Igreja. Foram os puritanos da Inglaterra no século XVI que, em aberta crítica às reformas da Igreja Anglicana – que eles julgavam insuficientes e superficiais – lutavam por uma reforma muito mais profunda. Produziu teólogos importantes como John Owen, Richard Baxter e John Bunyan.

Para o pós-milenarismo, o milênio representa uma idade de ouro, um tempo de prosperidade espiritual que se verificará no presente tempo da igreja, em uma espécie de grande avivamento que implicará a conversão em massa de gentios e judeus, em cumprimento da visão paulina que encontramos em Romanos 11.25-27.

É fácil indicar que o pós-milenarismo teve seu momento de esplendor no século XIX, mas entrou em colapso com duas conflagrações mundiais do século XX.

Amilenarismo

O termo “amilenarismo” se aplica à corrente escatológica que postula que o milênio não deve ser entendido como um período literal de governo de Jesus Cristo sobre a terra. O que caracterizava essa escola, portanto, é que a postura hermenêutica em relação ao texto de Apocalipse 20.1-7, que, diferente das outras perspectivas já estudadas, entende que, por se tratar de uma passagem de natureza apocalíptica, não se deve interpretá-la em termos literais, porém simbólicos.

David Bruce afirma que vários Pais da Igreja adotaram esse tipo de interpretação, entre os quais menciona Policarpo de Esmirna, Barnabé, Clemente e o documento chamado Didaquê (o ensino dos apóstolos).

Alguns amilenaristas têm objetado ao termo “amilenarismo” porque, como disse Anthony Hoekema, ele sugere que seus adeptos não crêem em nenhuma forma de milênio, ou que simplesmente ignoram a passagem de Apocalipse 20.1-7. Por essa razão, Hoekema propõe substituir a expressão por “milenarismo realizado”.

Decisivo é a interpretação que o amilenarismo faz da passagem chave, no sentido de considerá-la simbólica do tempo da igreja agora. Cristo conquistou a vitória decisiva sobre o pecado, a morte e Satanás. A partir dali ele já reina. Precisamente, outra ênfase do amilenarismo está na afirmação da presença do reino de Deus. Falar de reino de Deus é referir-se a um reino já presente a partir da obra de Jesus Cristo, um reino eterno e consumado.

Em apocalipse 20, onde se diz que Satanás será aprisionado, os amilenaristas não entendem isso como algo futuro, mas como algo atual, no sentido de que Satanás não pode impedir que as pessoas ouçam a mensagem do evangelho do reino e, pela fé em Jesus Cristo, experimentem seu poder. Os amilenaristas interpretam os “tronos” como uma referência a tronos celestiais e não terrenos. Eles fundamentam sua exegese apelando para o fato de que a palavra grega thrónos (“tronos”), que aparece 47 vezes no Apocalipse, se refere a tronos nos céus.

O milênio é agora, e o reinado de Cristo com os crentes durante esse milênio não é um reinado terreno, mas celestial.

O amilenarismo entende que a segunda vinda de Jesus Cristo será precedida por certos eventos, como a pregação do evangelho a todas as nações, a conversão da plenitude de Israel, a grande apostasia, a grande tribulação e a vinda do Anticristo. Depois, Cristo voltará em um só evento escatológico que podemos chamar indistintamente de parusia, apocalipse ou epifania; os mortos em Cristo ressuscitarão com corpos de glória e os que estiverem vivos nesse momento serão transformados em um piscar de olhos (1 Tes 4.13ss.).

Escatologia ciência-ficção

Uma forma extrema de pré-milenarismo dispensacionalista foi se formando através do tempo, conseguindo, a partir da década de 1970, um grande movimento de vendas, devido ao seu caráter sensacionalista. Uma das obras que mais influiu nesse tipo de escritos escatológicos foi A agonia do grande planeta terra, de Hal Lindsey. O “arrebatamento secreto” da igreja, orientado por uma série de fatos mundiais como a formação do Mercado Comum Europeu e a ascensão da União Soviética que, obviamente, o autor considerava perigosa, Lindsey não tem dúvidas para identificar personagens e movimentos que indicam um fim próximo para o mundo. O autor relacionava a União Soviética com o Anticristo apocalíptico.

Por mais negro que pareça esse quadro, o futuro nunca foi mais brilhante, pois, à medida que as coisas ficam mais difíceis neste velho mundo, isso significa que a vinda do Messias Jesus está muito mais próxima!

O colapso do comunismo e o desaparecimento da União Soviética pôs em evidência a superficialidade desses ‘mapas e esquemas escatológicos’, obrigando seus idealizadores a fazer um sério replanejamento dos mesmos.

Enfim, trata-se de imagens apocalípticas próprias de ciência-ficção, mas que estão longe de ser resultado de sólidos e sistemáticos trabalhos exegéticos.

Antes de Gorbachov, o meio foi a escatologia chamada “sistemática”. Agora o meio é a ficção.

Em resumo: o milenarismo é uma interpretação cujo fundamento escritural é sumamente débil, já que a única passagem que fala do tema de forma explícita é Apocalipse 20.1-7. Sua origem, não obstante, é anterior a João, já que ele se baseia em alguns escritos apocalípticos intertestamentários, especialmente o livro de Esdras.

Devemos fazer uma distinção cuidadosa entre o pré-milenarismo histórico e o dispensacionalista. Ambos defendem um futuro governo de Jesus Cristo por mil anos sobre a terra. Mas o dispensacionalismo representa uma moderna escola de escatologia, com ares chamativos de novidade. O pós-milenarismo gozou de certa adesão antes do século XX, mas a explosão das guerras mundiais fez com que ele perdesse força.

O amilenarismo se afirma em uma exegese que pretende levar em consideração o caráter apocalíptico do número 1000 em Apocalipse 20. Uma forma extrema de dispensacionalismo foi se formando a partir dos anos 1970 e, apesar de ficar totalmente off side a partir da comoção causada pelo desaparecimento da União Soviética e a queda do muro de Berlim, ela não abjura de seus postulados centrais. Pelo contrário, deixando de lado exposição e doutrina, seus expoentes continuam insistindo nas mesmas afirmações de antes, só que agora o fazem de vertente ficcional.


Teologia Apocalíptica

Surgimento, história e contexto

Recomendo a leitura completa do livro [1], por conter informações detalhadas sobre cada um dos destaques deste resumo.

Veja, na tabela, a evolução dos conceitos ‘apocalípticos’ desenvolvido ao longo de décadas na história.

A coluna da esquerda mostra o evento principal, o ano/período e, na coluna da direita os principais destaques apontados pelo autor.

1 - Zoroastrismo - 3000 a.C- Batalha cósmica entre o bem e o mal;

- Teria influenciado o Judaísmo, Cristianismo e Islamismo.
2 - Apocalíptica Vétero-Testamentária - 597 a.CExílio Judaico
- Ezequiel - 592 - 586- Prevê o retorno dos Judeus à sua pátria e a violenta destruição dos seus inimigos.
- Isaías - 485- Defende o monoteísmo radical;

- A glória de Javé se revelará e toda a carne verá.
- Daniel- O cosmo no microcosmos, forma humana como estátua;

- Produto da revolta judaica dos Macabeus;

- O sonho de Daniel sustenta que Israel irá herdar o melhor reino abaixo do céu.
3 - Apocalipses Judaicos do período inter-bíblico - Séculos III e II a.C.- Símbolos e alegorias faziam parte da mensagem;

- Juízo final, ressurreição e o cumprimento do livro.
- Primeira Enoque- Vinculação à civilização mesopotâmica;

- Os judeus estavam sob o controle do Império Grego;

- Sétimo patriarca do Gênesis;

- Convicção de que é eleito de Deus e que é o único perfeitamente justo.
- Livro dos sentinelas - 250 a.C.- Traz o primeiro exemplo do julgamento de morte na tradição judaica;

- É o primeiro que aborda o fim do mundo de forma literal.
4 - Os Essênios - Descoberta uma ‘livraria’ sagrada em 1947 em Qumran - conhecidos como os Pergaminhos do Mar Morto- Relata uma batalha no final dos tempos que dará início à uma era de paz;

- Revela mentalidade apocalíptica;

- Consciência de que se está vivendo no tempo do fim.
5 - Jesus - Apocalíptica e destruição do templo - 70 a.D.- Jesus adotou a linguagem apocalíptica, apresentando-se como filho do Homem que virá com as nuvens;

- Primeiros Cristãos usam uma estrutura apocalíptica para explicar alguns acontecimentos;

- Capítulo 13 do Evangelho de Marcos é considerado o “Pequeno Apocalipse”.
6 - Domiciano e o livro de Apocalipse - 81 - 96- Domiciano ordenou ser chamado de “Senhor e Deus”, visando controlar a fidelidade política;

- Gerou perseguição e morticínio;

- Alguns, datam que neste período o Apocalipse teria sido escrito;

- O livro do Apocalipse mostra uma tensão entre o Cristianismo e os poderes do mundo.
7 - Roma na Apocalíptica e a segunda revolta Judaica contra Roma - 135- Jerusalém é capturada, Judéia é um posto avançado do império Romano;

- Com regras opressivas Roma é considerada o lugar do mal;

- A primeira besta de Apocalipse 13 remete os leitores ao Império Romano e seus sacerdotes;

- Levante judaico contra os romanos, fundamentados na literatura apocalíptica, que fracassou;

- Líderes Judaicos condenam o gênero apocalíptico como fútil e perigoso;

- A esperança em uma vinda iminente do Messias diminui no Judaísmo;

- Enfatizam a interpretação e o seguimento da Tora;

- No século V retornam as esperanças numa iminente implantação do reino messiânico entre os judeus.
8 - Montano - 156- Período de pestes, guerras e de miséria social;

- Movimento Ascético, liderado por um homem chamado Montano, o qual se declarou ser a encarnação do Espírito Santo;

- De sacerdote pagão, aderiu ao Cristianismo e logo passa a falar em línguas;

- Esperavam a Nova Jerusalém descer dos céus ao solo Frígio;

- Uma acentuação na importância da prática do jejum como instrumentação de preparo da alma com vistas à segunda vinda de Cristo;

- Rigor ético como crítica radical ao mundanismo;

- Adeptos doavam seus bens para sustentar pregadores ambulantes e profetas;

- Igreja, em concílio, expulsa o movimento;

- Este movimento alertou muitos dos perigos propostos pelas expectativas apocalípticas.
9 - Sextus Julius Africanus - 221- Oficial Romano, estudioso cristão, advertia sobre a segunda vinda de Cristo no ano 500, baseada em cinco mil anos de história, desde a criação até o exílio judeu na Babilônia, além de outras mil desde então.
10 - Constantino - 313- Imperador Romano, aboliu a perseguição aos cristãos e se deixou batizar;

- Alguns teólogos se empenharam em provar ser Constantino como eleito de Deus, o novo Moisés.
11 - Oráculos Sibilinos Cristãos - 350- Movimento Judaico que se destinava a converter pagãos ao Judaísmo através de palavras inspiradas em uma profecia;

- Depois da morte de Constantino, os Sibilinos concederam grande significância escatológica à figura do imperador.
12 - Agostinho - 426- Conclui a obra “A cidade de Deus” onde rejeita os ‘medos milenaristas’ e fortalece o conceito de julgamento final como metáforas, mas num futuro distante e somente conhecido por Deus.
13 - Maomé - 610 - 632- Recebeu suas primeiras visões e logo constitui a religião do Islã;

- Ele e seus seguidores, são forçados a fugir de Meca e vão para Medina;

- Depois de 7 anos retornam e tomam Meca;

- Este ímpeto de conquistas e messianismo permeia a vida de Maomé e do Islã;

- Maomé teve influências judaico-cristãs;

- Usou de dramaticidade plástica para passar a visão do juízo final e inferno de fogo que lembra a descrição do Apocalipse de João.

- Bens terrenos são propriedades de Alá que são ‘emprestadas’ aos fiéis islâmicos;

- Conquistas, cruzadas, escravidão, são direitos na guerra santa. Aos idólatras a morte.
14 - Mesquita de Omar - 691- Pelas ‘influências’ Judaico-cristãs, o significado apocalíptico é rapidamente desenvolvo pelo Islã;

- Conquista de Jerusalém, coloca em colisão com o Cristianismo;

- O Islã, é considerado o Anticristo pelos cristãos, por vários séculos seguintes;

- Omar foi califa que participou da captura de Jerusalém;

- Terceiro local de peregrinação mais valorizado pelo Islamismo.
15 - Avanço Islâmico- O Islã, rapidamente se desenvolve e cria sua própria e rica tradição apocalíptica;

- Por sua vez, preocupa os cristãos que os considera como o Anticristo e a proximidade do grande embate do Armagedom.
16 - Em torno do ano mil - 1000- Um monge francês, chamado  Adso, escreve uma carta intitulada ‘A carta sobre o Anticristo’, em 950 a.D.;

- Influenciou a Europa, por Séculos;

- Pregava que o Anticristo viria no fim do ano mil e que o Juízo final seguiria pouco depois;

- Massacres ocorreram com Cristãos em território espanhol;

- A carta tentava unir os Cristãos, mas malograva os Muçulmanos.
17 - Cisma do oriente e as Cruzadas - 1054- Divisão na igreja Cristã - A Ocidental baseada em Roma e a Oriental ou bizantina, em Constantinopla;

- Cada uma continua utilizando a retórica apocalíptica, por séculos;

- Na tentativa de uma ‘unificação’ dos cristãos, o Papa Urbano II, dá início na primeira Cruzada para retirada dos Turcos Seljúcidas da Ásia Menor;

- Estabelecesse uma convenção do Cristianismo à guerra;

- Ordens militares Cristãs são instituídas, gerando uma teoria de ‘guerra justa’;

- As 4 primeiras cruzadas tiveram como objetivo principal a reconquista da Terra Santa.
18 - Joaquim de Fiore - 1184- Monge italiano Joaquim de Fiore desenvolve ensinamentos escatológicos, abandonando o método agostiniano, reenfatizando os conceitos do Apocalipse;

- Estudava a Bíblia seguindo o método alegórico-tipológico onde cada passagem do Antigo Testamento havia um prenúncio no Novo Testamento, pressupondo que a história ocorria de uma forma paralela e repetitiva;

- Cria, então, a estrutura das três eras mundiais que são: Lei, Graça e Graça sobre Graça;

- Acreditava que o mundo estivesse no final, previa anos milagrosos do Espírito, que começariam entre 1200 e 1260;

- Liquidou o mito do antigo eterno retorno e a concepção cíclica da história;

- Pré-definiu as gerações em 30 anos;

- Fez ressurgir a ênfase na implantação do reino de Deus como obra do Espírito Santo;

- Sua obra passa por incredulidades por parte de igreja e foi condenado pelo IV Concílio de Latrão;

- Após sua morte, acontece a propagação das suas ideias, que são bem acolhidas pelos franciscanos;

- Os franciscanos espirituais, também foram perseguidos posteriormente e foram considerados por alguns papas como sendo a personificação do Anticristo;

- Inicia-se a brutalidade através das inquisições na igreja;

- A visão das três eras, teria influenciado, posteriormente, Hegel, Marx e Hitler.
19 - Ano 1260- Ano de expectativas apocalípticas na Europa decorrentes das previsões de Joaquim;

- Histórias de terremotos e outras calamidades são frequentes;

- Inicia-se o movimento de ‘autoflagelação’ tomando conta da Europa;

- Buscavam uma semelhança com o sofrimento de Cristo e um perdão ainda maior por parte de Deus, como redenção para toda a humanidade.
20 - Peste negra - 1348- Alcança a Europa e dizima ⅓ da população;

- Os judeus são acusados de serem os responsáveis pela epidemia e muitos são mortos;

- Pretendia-se uma purificação racial na península ibérica;

- A peste, fome e guerras, criaram um cenário apocalíptico, onde muitos ansiavam pela volta iminente de Jesus, descrita no Apocalipse;

- Todo este cenário, foi interpretado por alguns como uma espécie de ‘segundo dilúvio’.
21 - Revolta dos camponeses ingleses - 1381- O potencial da Apocalíptica se acentua quando aliada a uma situação de inquietação social;

- O caos social era visto como obra do diabo;

- A mescla do radicalismo social e religioso produziu efeitos desastrosos;

- A pregação sem a ‘devida autorização’ acentua a situação dos rebeldes;

- As argumentações milenaristas, com seus cálculos do momento da chegada, vitória e derrota do Anticristo eram comuns e trazia ainda mais insegurança.
22 - Rebelião Taborita - 1419 - 1434- A rebelião Taborita foi um exemplo de ‘levante’ do pensamento Apocalíptico almejado pela própria igreja;

- Ramo radical do movimento hussita criaram uma comunidade utópica no monte Tabor, na Boêmia;

- A escatologia taborita anunciava os últimos dias, que a igreja de Roma era a prostituta da Babilônia, e o Papa, o Anticristo;

- Foram dominados pelos hussitas moderados em 1434 e o movimento cessou.
23 - O espírito hispânico de conquista e Cristóvão Colombo - 1492- Em 711 Tarid ibn Ziyad conquista, com suas tropas muçulmanas, Córdova e Toledo, impondo sua visão religiosa-política na Espanha;

- Por oito séculos experimentou ocupação, mas lutou bravamente por ser o povo mais católico da história, no entanto, tornando-se parecida com seus inimigos, tendo o fanatismo muçulmano infiltrado nos espanhóis;

- A vitória dos espanhóis sobre os muçulmanos se deu em 1492;

- Neste mesmo ano se deu a chegada de Colombo nas Américas;

- Os espanhóis interpretam estas descobertas como presente de Deus por sua fidelidade com que resistiram às heresias;

- Julgavam-se, então, como instrumento de Deus e Cristóvão Colombo tipificava isso através do seu próprio nome ‘portador de Cristo’ que saiu com esta bandeira para conquistar;

- A tentativa era chegar a Jerusalém e assim se encaminhar para os últimos dias;

- Espada e Cruz fazem parte dos planos Cristãos de reconquistas;

- Estado espanhol, adquire finalidade religiosa, identificando-se trono e altar, patriotismo e religião;

- Entendiam-se como a nação escolhida para desempenhar função messiânica.
24 - O espírito português de conquista - 1139 - 1640- Os muçulmanos foram expulsos de Portugal em 1249;

- Cristo teria aparecido para Dom Afonso Henriques na batalha de Ourique (1139);

- No reinado de Dom Dinis (1279-1325) o Papa Clemente V decreta a supressão da ‘ordem dos Templários’ que havia sido criada com o objetivo de reunir monges-soldados;

- Dom Dinis, cria então a ‘Ordem de Cristo’, versão nacionalizada da primeira;

- Cabral chega em terras brasileiras com a bandeira da ‘Ordem de Cristo’ em sua nau e não a bandeira de Portugal;

- Esta ‘ordem’ foi a promotora das missões jesuítas em solo brasileiro;

- Fé é império, foram ‘unidos’ pela ‘Ordem de Cristo’;

- Entendiam ter a autoridade espiritual e temporal sobre o globo terrestre, tendo legitimação divina no processo de colonização;

- Mais tarde Portugal é considerado como o quinto império, à luz do livro de Daniel 2, que absorveria o mundo, formando um apocalipse das lendas de Dom Sebastião;

- Profetismo Jesuíta avançava com a propagação desta visão;

- O pensamento messiânico marca profundamente o pensamento português;

- Para Antônio Vieira - a história de Portugal era história de salvação;

- Entendiam como inseparável a Igreja e o Estado, se esta separação acontecesse, poderia enfraquecer a obra missionária;

- Os indígenas latino-americanos somente teriam valor dentro do sistema cristão, por isso a catequização;

- A tarefa máxima da nação portuguesa era possibilitar a salvação dos pagãos;

- Portugal seria interpretado como se fora um novo Israel;

- Consideração seu rei como rei de Deus, sendo os outros reis, como sendo feitos por homens;

- A expulsão dos Holandeses do Brasil se dá na percepção, por parte de Vieira que os indígenas entendessem o Calvinismo como certo e o Catolicismo como falsa;

- Entendiam que o Reino de Deus implantar-se-ia no mundo através de Portugal.
25 - Martinho Lutero - 1517



1517 - Inicia-se o Luteranismo [3]



1520 - Surgem as Seitas Radicais



1521 - Anabatistas
- Afixou suas 95 teses na porta da Igreja de Wittenberg - Alemanha iniciando a reforma Protestante em 31 de outubro;

- Cria que os Cristão poderiam fazer suas próprias leituras das Escrituras sem a mediação da Igreja;

- Abriu caminho para novas leituras da profecia apocalíptica;

- Os Protestantes leem o Apocalipse de modo literário e desenvolvem elevados sistemas de crença Apocalíptica;

- Lutero menciona suas suspeitas que na cúria romana assentava-se o Anticristo;

- Após sua Excomunhão, Lutero não tem dúvidas que o papa exercia papel do oponente de Cristo;

- Depois de 1522 Lutero se afasta do uso entusiástico do Apocalipse;

- Lutero passa a usar o texto de Isaías 11.4 contra seus ‘adversários’;

- De 1529 a 1530 Lutero, junto com os professores de Wittenberg Felipe Melanchton e Justos Jonas passaram a interpretar o livro de Daniel e Apocalipse de forma mais atualizada;

- Lutero interpreta o Cap. 7 de Daniel como o império Turco, indicando o retorno de Cristo como iminente;

- Apocalipse passa a ter um significado novo, libertador e consolador;

- Em 1537, Lutero argumentou biblicamente, identificando o papado e o Anticristo;

- Para Lutero, o papa é o anticristo, a Igreja papista é a prostituta Babilônia de Apocalipse 18, cuja queda teve no saque de Roma de 1527 um prenúncio. O posicionamento atual dos papistas provocará o retorno de Cristo.
26 - Guerra dos camponeses alemães - 1525



1526 - Inicia-se a Igreja Luterana



1534 - Igreja da Inglaterra (Episcopal Anglicana)
- Esta guerra abala violentamente a sociedade alemã, em busca de maior igualdade e uma ordem pós-feudal;

- Um estudante, formado por Lutero, em 1520, Thomas Müntzer, produziu uma escatologia revolucionária, ganhando muitos seguidores;

- Müntzer promoveu um movimento muito violento, diferente de Lutero;

- Müntzer aproveita a inquietação social da Guerra e se projeta com instrumento messiânico;

- Mais tarde ele e cerca de 100.000 de seus seguidores são mortos;

- Nos séculos XIX e XX, na Alemanha Oriental, comunista resgataram Müntzer da obscuridade e celebram-no como um herói dos oprimidos.
27 - Teocracia anabatista de Münster - 1535



1536 - Movimento Calvinista tem início



1536 - Igrejas Reformadas



1536 - Menonitas



1560 - Presbiterianos



1560 - Congregacionalistas
- Em 1535, ocorre a derrota dos Anabatistas que presidiam a cidade de Münster, reconhecida por eles como a Nova Jerusalém;

- Acreditavam que Jesus viria num Domingo de Páscoa;

- Jan Bockelson declara-se como o ‘Messias dos últimos dias’, institui a poligamia, emite moedas com inscrições apocalípticas, aterroriza a população que já estava definhando, enquanto ele vivia de forma opulenta;

- Mais tarde, acaba torturado publicamente até a morte, seu corpo é exposto numa gaiola;

- Os Anabatistas de Müster eram radicais religiosos que rejeitaram a aliança de Lutero com o poder dos príncipes da Alemanha e a teocracia de Calvino, no entanto recebiam apoio dos pobres do norte da Europa;

- Frisavam o rebatismo dos crentes adultos, piedade pessoal, não-resistência e separação do mundo;

- Eram extremamente apocalípticos, criam que a volta de Cristo estava próxima e que, Cristo e o Anticristo estariam envolvidos na luta final;

- Lutero, Calvino e outros líderes da Reforma reagiram com horror à Guerra dos Camponeses ao aumento do Anabatismo e aos eventos de Münster.
28 - Puritanos Ingleses - 1607



1609 - Movimento Batista



1626 - Igrejas Reformadas na América
- Colonizaram a América do Norte na esperança que se tornaria a Nova Jerusalém;

- Época de alta percepção apocalíptica na Inglaterra.
29 - Oliver Cromwell - 1642 - 1653



1649 - Surge a Sociedade dos Amigos (Quakers)
- Linguagem bíblica é usada para expressar oposição política e revolucionária ao governo de Carlos I;

- Apocalipse 8 e 11 são entendidos como profecia sobre a Guerra Civil Inglesa, a besta de Apocalipse 13 como os remanescentes do Parlamento;

- Oliver Cromwell (um puritano) e os radicais derrotam o exército da Rei e o levam prisioneiro em 1646, mais tarde, decapitado;

- 1653, Cromwell chega ao poder e é declarado o Protetor do Senhor;

- Os radicais se sentem traídos, invocam as profecias bíblicas e identificam Cromwell como o ‘corno pequeno’ de Daniel.
30 - O bispo anglicano James Ussher - 1650- Publica ‘Os anais do Velho Testamento, deduzido da primeira origem do mundo’ que clamava a segunda vinda de Cristo para o ano 2000;

- Marcou todo o ambiente de temor, popularizando a frase: ‘Aos mil chegará, porém dos dois mil jamais passará’, utilizada posteriormente na pregação adventista no Brasil.
31 - Ano 1666



1690 - Amish - é um grupo religioso cristão anabatista baseado nos Estados Unidos e Canadá. São conhecidos por seus costumes conservadores, como o uso restrito de equipamentos eletrônicos, inclusive telefones e automóveis.



1739 - Metodista
- Rei Charles II é restaurado ao trono inglês e inicia-se uma grande euforia sobre questões apocalípticas em Londres.

- Número 666 inspira terror em muitos;

- O judeu cabalístico Shabbetai Tzevi se declara o Messias em 1648, também determinou que 1666 seria o último ano da história;

- 1665, no entanto, foi excomungado pelos rabinos judeus, depois de torturado, se converte ao Islã, desiludindo a muitos dos seus seguidores;

- Os que continuaram fiéis a ele, criaram o grupo Shabbetaianismo, que chegou no seu ápice no século 18;

- Os anos de guerra, na Alemanha, produziu fome, pestes, crimes, ruínas e com a proximidade do ano 1666 acentuou-se a percepção do milenarismo e a besta do Apocalipse.
32 - O grande despertamento nos EUA - 1740



1784 - Metodista Episcopal



1820 - Adventista
- Primeiro grande avivamento de renovação espiritual e escatológico na Inglaterra e em suas colônias;

- Organização dos Batistas do Livre Arbítrio e do Universalismo;

- Surgem os primeiros questionamentos à fé Calvinista tradicional a respeito do controle divino e salvação;

- A posição apocalíptica é a pós-milenista, crença de que Cristo somente iria retornar depois que homens retos criassem um reino divino na terra através de suas próprias condições.
33 - Jonathan Edwards- Líder do reavivamento nos EUA, reivindica e fortalece a visão de que os EUA são os escolhidos por Deus, como nação para iniciar uma grande obra.
34 - O livro do Mórmon - 1830



1830 - Metodista Protestante



1830 - Discípulos de Cristo



1845 - Convenção Batista Meridional



1845 - Convenção Batista do Norte



1857 - Igreja Reformada Cristã



1858 - Igreja Presbiteriana Unida da América do Norte
- Depois de uma visão, Joseph Smith publica o ‘Livro dos Mórmons’ com a finalidade de restaurar a ‘verdadeira’ igreja de Cristo;

- Entendem que o mundo está dividido em ‘os santos dos últimos dias’ e os gentios que rejeitaram o Espírito;

- Creem na volta iminente de Cristo e que eles irão ‘reinar com Cristo mil anos na terra’;

- São simpatizantes das previsões apocalípticas, mas sem pontuar datas;

- Pregava a poligamia, entre outras crenças e práticas, foi morto por uma multidão desordenada em 1844, confirmando, para seus fiéis, que o fim estava próximo.
35 - Adventismo - 1830



*1863
- William Miller, fazendeiro, de origem Batista, anunciou que Jesus logo voltaria, fixando a data em 21 de março de 1843;

- Nesta época também, as irmãs Fox, deram início ao surgimento do movimento espírita;

- Miller atraiu mais de 100.00 seguidores com sua previsão, quando a data chegou e nada aconteceu, ele mudou para 22 de outubro, muitos o deixaram, os que continuaram a segui-lo formaram o movimento dos Adventistas do Sétimo Dia.
36 - Pré-Milenismo - 1859



1860 - Adventistas do Sétimo Dia
- Escatologia exposta pelos milenaristas que defende que o pecado no mundo vai crescer muito até a volta de Cristo para estabelecer o reino milenar;

- Fundamentada pelo ministro evangélico britânico John Nelson Darby, começou a pregar uma teologia engenhosa conhecido por dispensacionalismo pré-milenista, sendo este dominante como sistema escatológico do Cristianismo evangelical da atualidade;

- Entende que a história humana pode ser dividida em uma série de épocas, ou dispensações, nas quais Deus age de diferentes modos;

- Ensina que a profecia bíblica refere-se a períodos passados e futuros e que a presente é a ‘Era da Igreja’ que começou com a crucificação de Cristo;

- Diz que o ‘relógio’ de Deus está temporariamente parado;

- Forte ênfase no arrependimento e que os crentes fiéis serão instantaneamente levados para o céu, da onde vão observar os terríveis sete anos de tribulação;

- Prevê que os Judeus vão retornar para Palestina, com forte vinculação fundamentalista da bíblia;

- Teve mais adeptos após a segunda guerra mundial, devido ao pessimismo da população;

- Ênfase na questão individual da salvação e missão, só interessa a ‘alma’ do próximo.
37 - Guerra civil norte americana - 1861 - 1865



1865 - Exército de Salvação



1880 - Holiness (Santidade)
- Conflito sangrento de contornos apocalípticos envolvem os EUA;

- Os cinco anos de guerra, reforçaram a sensação de proximidade do fim do mundo.
38 - O segundo grande avivamento- O destaque teológico sobre o segundo grande despertamento através de Nathaniel William Taylor, Lyman Beecher e Charles Grandison Finney;

- Taylor e Finney deram acentuações mais arminianas à mensagem soteriológica;

- Enfatizou o potencial dos EUA e a esperança milenar;

- Achavam que Deus estava derramando bênçãos especiais sobre os EUA, devido às muitas conversões;

- Incentivou a teologia reavivalista agressiva e democrática, fornecendo fontes principais do fundamentalismo e um legado duradouro ao evangelicalismo.
39 - Pentecostalismo - 1901



1906 - Igrejas Cristãs



1906 - Igrejas de Cristo
- 1º de Janeiro, em uma escola bíblica, na cidade de Topeka, Kansas, numa vigília de oração, Agnes Ozman começa a falar em línguas estranhas - foi o primeiro ‘batismo do Espírito Santo’, nos tempos modernos e início do movimento Pentecostal;

- Em 1916, um quarto dos 585 ministros da Assembleia de Deus deixam a igreja seguindo a doutrina da unicidade da Trindade ou ‘Evangelho Pleno’;

- O Pentecostalismo, seguindo suas doutrinas enfatiza conceitos escatológicos, geralmente vinculados à visão dispensacionalista.
40 - Bíblia de Scofield - 1909- Em 1909, Cyrus Scofield, publica a primeira edição de sua influente Bíblia de Referências Scofield, ajudando, assim, a disseminar o sistema dispensacionalista de Darby;

- Em 1990, torna-se um dos mais importantes documentos de literatura cristã fundamentalista;

- Scofield propagou o clássico sistema dispensacionalista de Darby, solidificando consenso pré-milenista;

- Encoraja o estudo individual como parte da utópica ‘Era do Reino’, termo usado para o Milênio.
41 - Fundamentalismo histórico - 1910 - 1915



1910 - Congregação Cristã no Brasil



1914 - Assembleias de Deus



1918 - Igreja do Evangelho Quadrangular



1920 - Nova Igreja Presbiteriana nos EUA
- Neste período, formou-se um comitê de ‘Fundamentalistas’ que escreveram panfletos, financiados por empresários da Califórnia, enviados para aproximadamente três milhões de líderes protestantes;

- Enfatizavam a veracidade da história bíblica, o importante papel dos judeus e valor de previsões proféticas, que alguns ‘fundamentalistas’ chamavam de ‘antídoto último para toda infidelidade e a muralha inexpugnável contra o liberalismo e falsos cultos.
42 - Hitler - 1933- Adolf Hitler, tornou-se chanceler da Alemanha e estabelece a regra de partido único, levando o país a um estado de sítio;

- Com visão milenarista do Terceiro Reich, embora não muito religiosa, trouxe fortes tradições apocalípticas religiosas e a demonização dos judeus;

- Constata-se influência do milenarismo de Joaquim de Fiore na mentalidade de Hitler, que teria adotado postura messiânica.
43 - Bomba atômica - 1945- Segunda Guerra Mundial, o evento mais destrutivo provocado pelo homem, dá início à Era Atômica;

- Alguns resgatam a segunda epístola de Pedro (2ª Pedro 3.10) reavivando temores apocalípticos tanto para fiéis quanto para incrédulos.
44 - Karl Hartenstein - 1894 - 1952- Hartenstein, líder teólogo do Reavivamento, em comentários sobre o Apocalipse, primeiro em 1939 e depois 1948, fala de sinais do Anticristo;

- Interpreta escatológicamente o surgimento do Conselho Mundial de Igrejas, como prenúncio da volta de Cristo, imaginando ser a unidade dos membros do ‘corpo de Cristo’;

- Wim Malgo, entende o contrário, que este conselho seria obra do Anticristo.
45 - Recriação de Israel e a guerra dos seis dias - 1948 - 1967



1955 - Igreja Pentecostal: O Brasil para Cristo



1958 - Igreja Presbiteriana Unida nos EUA



1962 - Igreja Pentecostal: Deus é amor



1968 - Metodismo Unido
- Estabelecido, na Palestina, o Estado de Israel, 1948;

- Alguns viam como a profecia se cumprindo, e a retomada da Terra Santa;

- Em 1967, os Israelitas tomaram Jerusalém (Guerra dos seis dias);

- Alguns cristãos utilizam o texto de Mateus 24, 32-35, como o ressurgimento do Estado de Israel, em comparação com a lição da figueira, descrita por Jesus.
46 - Hal Lindsey - 1970



1977 - Igreja Universal do Reino de Deus
- Publicação do livro o ‘Futuro glorioso do planeta Terra’, expõe uma visão pré-milenista, influenciou profundamente a mentalidade escatológica no Brasil;

- O sucesso deste livro influenciou a publicação de outros livros, filmes, vídeos, sites e outros produtos, gerando um negócio multimilionário;

- Entendiam uma hegemonia norte americana, Gogue e Magogue tinham a ver com Rússia e China, mercado comum europeu interpretado como se tratando dos dez chifres da Besta de acordo com o livro de Daniel, o resultado disso, já sabemos.
47 - Ronald Reagan e o ‘império do mal’ - 1980 - 1983



1980 - Igreja Internacional da Graça de Deus



1986 - Igreja Apostólica Renascer em Cristo
- Com suporte do movimento fundamentalista cristão, Ronald Reagan, chegou à presidência dos EUA;

- Assessorado por fundamentalistas na casa branca, afirmam que o fim dos tempos estava próximo;

- Em 1983, chama a União Soviética de ‘foco do mal no mundo moderno’.
48 - Pat Robertson - 1989



1992 - Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra
- O tele-evangelista funda a ‘Coalizão Cristã’ com a finalidade de treinar cristãos para ações políticas efetivas;

- Declarou ter falado em línguas e que alterou o caminho dos ciclones;

- Foi milenista, abraçou aspectos da Teologia do Domínio, com a finalidade de criar um reino pós-milenista na terra.
49 - Deixados para trás - 2001- Uma série de livros (e depois filmes), vendeu mais de 70 milhões de exemplares, traduzidas em mais de 34 idiomas;

- Influenciou a política de George Bush, que iniciou a guerra contra o Iraque;

- De origem fundamentalista, pregava que os não fundamentalistas eram apóstatas;

- Previram uma guerra da Rússia contra Israel;

- Saddam Hussein foi chamado de ‘servo de Satanás’, um ‘possuído do demônio’, um satanista, um ‘protótipo virtual do anticristo;

- O governo de Busch foi, de certa forma, influenciado por esta escatologia.
50 - Profecia Maia - 2012- O alinhamento astronômico, onde o Sol do solstício iria se alinhar com o centro de nossa galáxia;

- Alinhamento cósmico que só acontece uma vez a cada 26.000 anos;

- O extraordinário deveria acontecer;

- A aniquilação da raça humana, devido a uma inversão dos polos da terra;

- Esta profecia não advém de fundamentação bíblica.

* Tabela criada e ampliada por: Profº e Teólogo Claudecir Bianco, com base no livro: Teologia Apocalíptica: surgimento, história e contexto, do Profº e Dr. em Teologia, Marlon Ronald Fluck

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[0]BÍBLIA SAGRADA. Português – Nova Tradução na Linguagem de Hoje – NTLH – Sociedade Bíblica do Brasil – São Paulo: 2005.

[1] – FLUCK, Marlon Ronald. Teologia Apocalíptica: surgimento, história e contexto. Curitiba: Cia do Autores, 2009.  

[2] – ROLDÁN, A. F. Do terror à esperança – Paradigmas para uma escatologia integral. Londrina: Descoberta, 2001, p. 77-100.

[3] – Mais informações cronológicas das igrejas protestantes e outras no Brasil, consulte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cronologia_das_igrejas_protestantes_e_outras_no_Brasil

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